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Empreendedorismo

O dia em que casei com minha mãe

Photo via VisualHunt.com
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No empreendedorismo existem várias coisas que são extremamente importantes e ao mesmo tempo delicadas. Boa parte delas, se mal feitas, geram consequências bem negativas. Uma delas é montar a empresa com outra pessoa, o chamado: sócio.

Em toda a minha vida sempre tinha convicção que se um dia eu tivesse meu próprio negócio, nunca iria fazer sociedade com familiares. Na minha cabeça, empresas familiares nunca davam certo, salvo raras exceções.

Relações entre pais e filhos, irmãos, tios e primos sempre são delicados no âmbito empresarial. Às vezes a relação familiar é levado em maior consideração do que as próprias competências necessárias para determinadas funções. E é aí que as coisas desandam.

Como sempre tive uma relação muito boa em família, a última coisa que eu queria era que negócios empresariais e dinheiro fossem fatores de desestabilização. Mas, como diz o ditado: por mais que você fuja de algo, se isso for destinado para você, você vai acabar fazendo (ok! eu acabei de inventar isso).

Quando tomei a decisão de empreender no Tot Coworking, naturalmente acabei fazendo a proposta para minha mãe; tudo em virtude da proximidade que sempre tivemos e por saber que ela tinha uma visão semelhante à minha para essa filosofia de colaboração. Fui como quem não quer nada, e para minha surpresa, ela disse sim. Pareceu até casamento. No dia seguinte pedi demissão do estágio e começamos já procurando o imóvel, pensando no nome e tudo que vinha por trás da decisão de montar uma empresa.

Confesso que no início fiquei muito apreensivo com essa relação mãe/sócia. Várias vezes pensei em desistir de tudo antes mesmo de inaugurar a empresa. Mas quando parei e percebi como trabalhávamos bem em conjunto e nos completávamos nas atividades e decisões do negócio, ficava grato por ter ela junto comigo nessa aventura empreendedora. A diferença de idade (mais de 25 anos), expertises, opiniões e visões sobre as coisas foram fundamentais para dar certo essa parceria que temos.

Li uma vez um comentário do Abílio Diniz que dizia que empresas familiares só davam certo se elas simplesmente não se encarassem como familiares. E essa foi uma das coisas que deixamos bem claro no início da nossa sociedade: mãe e filho, negócios à parte. Apesar de não ser nada fácil fazer essa separação, era extremamente necessário para a saúde dos negócios.

Hoje, quase 4 anos depois de termos iniciado a sociedade, já tiramos de letra tudo isso. Lógico que às vezes acontece um ou outro deslize, mas nada que comprometa a empresa.

Sociedade é realmente igual a casamento. Você começa amando essa parceria, tem momentos que não quer ver a pessoa nem pintada à ouro, tem vontade de desistir e se separar, dá muitas risadas juntos, planejam o futuro como esperam e trabalham juntos para conseguir tudo isso.

Então a dica que deixo é: procure uma pessoa que te complemente e não que seja 100% sua cópia. Afinal de contas, ninguém precisa de uma pessoa confirmando tudo que você diz e pensa, mas que confronte e faça você abrir os olhos para pontos que você não consegue enxergar.