O Vale localiza-se em um território às margens e nas montanhas do rio Omo, no sul remoto da Etiópia, onde há séculos vivem tribos que preservam os costumes e os comportamentos das raízes da África primitiva e, por isso, por muito tempo, sua cultura permaneceu intocável. Porém, essa população vem sendo cruelmente agredida e invadida por turistas e missionários, e pela construção de uma grande hidroelétrica, que irá alagar toda área povoada pelas tribos.
Um lugar de cultura mística, onde magias e rituais estão presentes, assim como a forma que esse povo encontrou para se enfeitar e se autoexpressar, pintando seu próprio corpo. Em poucos minutos e com uma precisão impressionante, das pernas à cabeça, eles se encontram completamente cobertos por um tipo de tinta artesanal, apenas usando as pontas dos seus dedos. Nunca uma pintura é igual a outra, eles não possuem técnica alguma, é uma espécie de arte pura que é feita de acordo com a intuição.
É uma arte ancestral praticada por todos os membros das tribos: homes, mulheres, crianças, jovens e idosos. Sua principal fonte de inspiração é a natureza, a pintura faz com que eles se sintam parte dela.
Com a inundação da margem, as tribos teriam que se deslocar para regiões próximas e desenvolver um novo meio de agricultura, cultivo e plantio, tendo em vista que desde seus primeiros habitantes eles utilizam o rio como fonte principal no auxílio de suas plantações e cuidado do rebanho.
Segundo análise de estudiosos do ocidente, estes consideraram-os como gênios da arte, comparando os traços pintados em suas peles, aos traços das telas de Pablo Picasso e Joan Miró.
Além da perda material, de suas casas e de seus rebanhos, há a preocupação da perda cultural desse povo, que a cada dia vai sendo perdida pelas imposições do governo da Etiópia. O povo tribal continua lutando para que alguém escute seu chamado de socorro.