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Consumo racional vs emocional: Eu quero aquela maçã!

Faça uma promessa

Nunca mais tente enganar a si mesmo, ou aos outros, tentando justificar aquela sua compra cara de modo racional. Nem sempre consumimos as coisas porque elas são úteis ou realmente precisamos daquilo. Muitas vezes o que vai parar no carrinho de compras é um acessório facilmente substituível por outro muito mais barato.

Agora que nós estamos entendidos, vamos entender um pouco sobre os casos de consumo e quais são os fatores que mais influenciam na hora de fazer uma compra. Claro que existem muitas variáveis envolvidas, mas podemos dividi-las, incialmente, em dois grupos: Os racionais e os emocionais.

Necessidade vs Fetiche

A luta interminável entre o que nós precisamos e o que nós queremos (e o que podemos pagar), esse é o estopim da guerra entre os dois lados do nosso cérebro que acontece todo dia quando entramos em sites de compra ou passamos por uma lojinha de conveniências qualquer.

Não é à toa que essa guerra existe e ela não tem data pra acabar, na verdade o que acontece é muito simples: Nós somos atraídos por produtos que parecem mais peças de decoração do que objetos funcionais, parte do que somos é atraído por objetos bonitos, simétricos, modernos, rústicos, vintage, pop, clássicos e a lista vai longe, aqui o que muda é o gosto de cada um.

A necessidade

Tudo começa com uma necessidade básica como, por exemplo, a de fazer anotações. O que eu posso comprar para fazer anotações? Pode ser um caderno, um bloco de notas ou uma agenda. Basicamente qualquer pedaço de papel irá cumprir bem a função para o meu problema que é “anotar coisas”.

Cada um dos itens citados irá resolver isso com um grau de eficiência diferente e, até certo ponto, justificar essas diferenças é consumir de forma racional. Não adianta comprar um bloco de post-it para fazer anotações em reuniões de trabalho, é melhor que seja um pequeno bloco, que já deixa de ser funcional caso eu precise fazer rabiscos e desenhos, nesse caso um caderno sem pauta é bem mais interessante.

Então, basicamente, o consumo direcionado pela necessidade é puramente racional, estou apenas procurando resolver um problema com objetos simples que podem ser encontrados em qualquer papelaria (no caso deste exemplo).

O fetiche

Entretanto, às vezes o fator que motiva a compra de um produto não é só a necessidade, é o que aquele produto específico representa. Pode ser exclusividade, prestígio e até status. Então se usarmos o mesmo exemplo de antes, a necessidade for um objeto para fazer anotações e o perfil de consumo está pendendo para o lado emocional, então é provável que a escolha seja mais refinada e que o consumidor busque uma alternativa como um caderno Moleskine, um modelo de caderno similar ao usado entre o fim do século XIX e o começo do século XX por artistas como Pablo Picasso, jornalistas como Ernest Hemingway e poetas como Oscar Wilde.

Agora as coisas ficam bem mais claras e podemos perceber que o fator emocional de compra está diretamente relacionado ao que, falando em semiótica, chamamos de convencional simbólico daquele produto. É o que ele representa socialmente para as pessoas e, especialmente, como são vistos os indivíduos que usam estes objetos. E é aqui que a conversa muda, agora estamos falando de marcas e o que elas representam para pessoas que compram, pessoas que usam e pessoas que vêem outras pessoas usando.

Tudo isso vai depender de outra série de fatores emocionais e psicológicos dos quais não pretendo me aprofundar, mas de forma superficial: Marcas; essa conversa toda é sobre marcas. Se eu comprar um Porsche eu terei uma visão social de terceiros completamente diferente da que eu teria caso eu tivesse optado por comprar um Honda Civic e é por isso que eu optei por comprar um Porsche. Se eu comprei esse carro eu devo estar atrás dessa visão social diferenciada, mas vou dizer que, na verdade, meu dia a dia requer um carro de luxo mais potente e seguro… para andar a 20km/h no trânsito da cidade grande.

Por isso não precisamos mentir quando compramos algo pensando mais em estilo, status e “marcas”. É porque fica óbvio e até difícil se defender, ninguém compra um carro de luxo de R$ 300.000,00 para andar na mesma velocidade de outros milhões de carro que são, pelo menos, 10 vezes mais baratos (e talvez mais econômicos em muitos aspectos).

Não existe 8 ou 80

Se ainda não ficou claro, esse será o parágrafo do esclarecimento e iluminação para que sua alma descanse em paz essa noite: Nenhum dos tipos de consumo é errado ou fútil, eles são apenas diferentes. Não tem nenhum problema consumir um produto só porque gostamos dele, quem conhece a loja imaginarium e é fã de artigos criativos provavelmente já saiu com uma sacola de R$ 500,00 e não usou a maioria das coisas mais de uma vez na vida.

Para fechar este artigo deixando um gostinho de quero mais para os curiosos, aconselho que leiam o livro Emotional Design: Why we love or hate everyday things — Donald Norman

Por Felipe Perobeli

Designer por formação. Arquiteto de informação por rótulo. Humano por essência e por paixão misturo tudo isso.

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