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Uma experiência incrível



                            Toda vez que olho para o céu imagino o quão extraordinário é o universo. As estrelas brilhantes lá em cima – “imagens do passado”- , a lua e suas fases, o Sol com seu ciclo diário. Mas não é preciso ir muito além para ficar impressionado. Quem não queria sentir o que sentiu Yuri Gagarin, o homem que nos olhou lá do alto e viu a imensidão azul pela primeira vez? Para quem já fica deslumbrado com as imagens em livros ou fazendo um tour pelo Google Earth, está em cartaz a mais recente oportunidade de ampliar exponencialmente o fascínio pelo espaço, pelo planeta Terra. “Gravidade” atrai todos os olhares, prendendo-os durante os espetaculares noventa minutos de duração.
                   Enquanto era divulgado pelos festivais afora, “Gravidade” arrancava comentários grandiosos, que só aumentavam minha ansiedade. Para quem viu o trailer, sabe que Sandra Bullock sai girando no vácuo sem fim e aquilo me angustiava; precisava descobrir o que acontecia com aquela mulher. Quando ia checar informações no site IMDB, no elenco só constavam ela, George Clooney e a voz de um ou outro ator. Finalmente, o filme chegou nas telonas e eu peguei o primeiro ônibus espacial rumo ao cinema.
                   Doutora Rayan Stone (Sandra Bullock) é uma cientista em sua primeira missão no espaço. Junto ao experiente astronauta Matt Kowalski (George Clooney), ela tenta consertar o satélite Hubble. Mas, claro, a missão não deu muito certo. Fragmentos de um satélite russo os atinge enquanto estão fora da nave, presos apenas por cabos, e a desgraça está feita. Pronto. Não vou contar mais nada. Só digo que quem for apreciar esta maravilha, ficará girando, girando, girando…, sofrerá momentos de apreensão e passará todo o tempo boquiaberto com a beleza da paisagem.
                   Essa produção épica é dirigida pelo Alfonso Cuarón. A equipe faz um trabalho memorável com uma tecnologia estupenda. É uma ação envolvente, um suspense aterrador, um drama emocionante. As cenas estão muito bem feitas; é admirável como tudo parece ser tão real – foram desenvolvidas tecnologias específicas para realizar as gravações, captar cada movimento, cada suspiro dos personagens – durante uma entrevista, Sandra Bullock relatou seu temor nos sets de gravação; parece que ela foi cobaia de muitas geringonças empregadas pela equipe do filme. Há momentos em que ficamos na perspectiva do narrador, noutros, somos os olhos da Doutora Stone – vemos o que ela vê, giramos com ela, sentimos seu desespero. Não é muito legal ficar presa no espaço, sem comunicação, perto apenas dos seus medos. A única dose acalentadora é a paisagem: em um plano, escuridão, marcada por pontos brilhantes, um vazio sem fim; do outro, Vida, luzes, cor, a Terra exuberante cheia das suas maravilhas naturais – nada como o nosso lar. O nascer do Sol, o contorno da redoma que nos envolve e protege…atmosfera muito bem retratada. E o 3D? Em uma cena, a lágrima foge do olho da personagem e migra em direção do público, só a lágrima em foco – é lindo! Além da sensação de profundidade indispensável numa produção espacial como essa. Quem puder, veja na máxima dimensão possível.
                   Uma das vantagens do espaço é o silêncio. Lá o som não tem como se propagar. E uma das muitas atrações desse filme é a trilha sonora que embala as cenas. Seja quando os astronautas são lançados de um lado para outro, seja quando estão admirando a vista, a música se encaixa magnificamente, dando arrepios, impressionando – trilha sonora sensacional.
                   Licenças poéticas a parte, ver a beleza do espaço estampada dessa forma, com contornos tão fiéis, ver o que Gagarin viu – numa proporção bem menor, lógico, mas tão magnífica quanto, já é um presente. Daqui uns anos serão disponibilizadas viagens ao espaço: os clientes dispostos a pagar uma fortuna para poder orbitar em torno da Terra terão o prazer de vislumbrar a realidade. Para os meros mortais, creio que o valor do ingresso no cinema dará uma experiência incrível. Prepare o oxigênio e o guaraná e corra para ir ver “Gravidade”. Lá, a Terra nunca foi tão azul!



Gostaram do texto? Este post foi escrito por Filippe Tertuliano do blog muitoalémdofim!

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