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Trabalhando com pessoas diferentes

Photo via kaboompics.com
Photo via kaboompics.com

Trabalhar em equipe nunca é uma tarefa fácil. Ainda mais quando você não conhece ninguém que vai trabalhar com você. Esse foi o meu principal desafio no Recife Service Jam (RSJ).

Antes de contar minha experiência, é importante você entender a dinâmica do evento. O RSJ é uma edição local da Global Service Jam, que acontece simultaneamente em dezenas de cidades ao redor do mundo, e consiste em 48h dedicadas a desenvolver uma solução de serviço com base em um tema que só é revelado nas primeiras horas do evento. As equipes são definidas por sorteio e o tema é o mesmo para todas as cidades. Esse ano o tema foi um som. Isso mesmo que você entendeu: soltaram um som para escutarmos e inspirado nele tínhamos que criar uma ideia de serviço. Crazy né? Mas foi muito massa!

Como minha empresa é focada em serviços, não tive dúvidas ao me inscrever. Fui com muita expectativa de imergir no evento e aproveitar cada oportunidade e desafio que ele me proporcionasse (uma curiosidade é que até chegar no evento, não tinha a menor ideia de como ia ser, apenas sabia que utilizavam o Design Thinking em soluções para serviços).

Apesar de já ter uma certa experiência em eventos desse tipo, por conta da minha vasta participação em Startup Weekends, tentei não me bloquear porque sabia que isso iria me prejudicar na experiência do fim de semana. E é aí que começa a parte interessante do evento.

Fizeram o sorteio das equipes que iriam trabalhar durante as próximas 48h e acabei caindo em um grupo com uma mistura interessante de áreas: 2 administradores (sendo um com foco e Computação e outro em Economia Colaborativa), 1 economista, 2 designers (um de jogos e outro focado em branding) e 1 arquiteto. Um time bem multidisciplinar com pessoas que não se conheciam tentando criar uma solução de serviço com base em um som. Imaginem como foi a experiência.

De início, tomei uma atitude mais defensiva, já que não conhecia ninguém. Preferi ver como o pessoal trabalhava e como eu poderia contribuir com o que sei para o benefício do grupo. E é incrível como a gente consegue aprender com mentes tão diferentes. Nosso facilitador, que era da área de Design, nos orientou durante todo o evento e desenvolveu um papel bem importante no grupo. Ele não era “oficialmente” membro da equipe, mas podia nos ajudar a desenvolver as ideias, estruturar o pensamento e botar a mão-na-massa junto com a gente. Em vários momentos que estávamos perdidos, foi o nosso facilitador que juntava a gente e tentava clarear as coisas.

O primeiro dia foi mais para nos conhecermos. Já no segundo conseguimos ter intimidade suficiente para batermos de frente com os pensamentos expostos. Sim, amigos! A melhor coisa na face da Terra é ter intimidade. Porque é com a intimidade que você consegue ser franco sobre seus pontos de vista e consegue argumentar melhor. A pior coisa de uma equipe é quando todos concordam com tudo. Como que o pensamento e as ideias vão evoluir sem que haja o famoso “choque” de pensamentos? Quando as coisas entram em um conflito (saudável, diga-se de passagem), tudo evolui, sai do nível 1 e vai para o nível 2. E isso foi o que aconteceu conosco no segundo dia: choque de ideias, de pontos de vista, de processos que achavam melhores e coisas do tipo.

No entanto, uma coisa que eu sempre defendo (e quem me conhece não me deixa mentir) é que temos sempre que trabalhar nos divertindo. Acredito muito que o bem-estar no trabalho é fundamental para o bom desenvolvimento dos resultados, de ideias inovadoras e trabalhos bem executados. E durante todo o fim de semana eu bati muito nessa tecla com a nossa equipe: o importante não é vencer a competição em si, mas se entregar de corpo e alma no processo que a gente estava passando, e nos divertir ao mesmo tempo.

Com isso em mente, criamos um vídeo bem cômico para explicar nossa ideia, fizemos uma apresentação de Pitch com Emojis, criamos apelidos entre nós, etc. Enfim, aproveitamos o final de semana para nos divertirmos.
No final de tudo, acabamos superando 9 equipes e ficando em 2ª lugar no RSJ, com uma apresentação simples, mas marcante; com uma equipe totalmente desconhecida, mas que viraram amigos; com uma ideia que partiu de um som, mas que virou um serviço extremamente necessário para as pessoas.

Por isso, ao enfrentar uma situação onde você esteja com uma equipe completamente desconhecida, com pessoas (aparentemente) desconectadas e com pensamentos divergentes, lembre dessa história. O mundo é feito de pessoas diferentes, e são as pessoas diferentes que fazem o mundo evoluir do jeito que evolui, com resultados incríveis.

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Criatividade Design

Think first: Não é tendência, é regra!

Resolver problemas por “acaso” é uma arte que tem sido desenvolvida e utilizada há anos por designers que viciaram nas tendências que ditam como eles devem fazer o seu próprio trabalho. Escolhem cores, fontes e imagens que acham ter a ver com o projeto no qual estão trabalhando. O problema é que as chances disso dar certo são as mesmas de derrubar um avião atirando pedras.

O fato de não saber o porque de estar tomando uma decisão em um projeto é matar o sentido do design: Resolver problemas reais para pessoas de verdade. O design thinking, por exemplo, foi uma das grandes sacadas dos últimos anos que pode ser traduzido como um legítimo “E aí pessoal vamos fazer nosso trabalho direito?”.

Nem o próprio termo design thinking foge de ser uma tendência, mas diferente de qualquer outra ele só reforça que um projeto não é algo aleatório, tudo deve ser pensado através de inúmeros contextos para garantir a satisfação das pessoas que irão interagir com o que está sendo desenvolvido.

Pensar como um designer pode transformar a maneira que você desenvolve produtos, serviços, processos e até mesmo estratégias — Tim Brown, CEO da maior companhia de inovação do mundo e precursor do design thinking.

Além do processo de design thinking existem outras formas de garantir a qualidade e precisão de um projeto, por enquanto vamos entender apenas sobre o design thinking.

Design Thinking

Pequeno processo dividido em 5 etapas fundamentais que podem ser moldadas de acordo com a necessidade do projeto: Empatia, definição, ideação, protótipo e teste. Talvez agora vocês notem que já fazem isso, mesmo por acaso, afinal somos ensinados a pensar dessa forma para resolver nossos problemas, só nunca havíamos dado um nome a isso.

Explicando melhor cada uma das etapas de forma breve:

Empatia é conhecer o seu público, com quem você está trabalhando e para quem você está projetando. Tente buscar o que eles gostam, fazem, pensam, sentem e, principalmente, quais problemas eles têm.

Definição é estudar todos os problemas que esse público específico tem e escolher apenas um (para começar) que será resolvido com o projeto.

Ideação é uma palavra que, na verdade, foi adaptada e significa “buscar ideias”. Nessa etapa tudo que fazemos é encher a parede (literalmente) de post-its com ideias para resolver o problema escolhido na etapa anterior. Toda e qualquer ideia deve ser anotada.

Protótipo é desenvolver uma versão prévia do projeto de forma simplificada para testar com o público se aquilo realmente atende às necessidades dele e resolve seu problema, afinal esse é o objetivo.

Teste é a última etapa, mas o processo é cíclico, nessa hora finalizamos o projeto e o jogamos no mercado para o público, agora é a hora de aparecer muitos problemas que ainda podem ser resolvidos. Por isso é cíclico, já conhecemos o público e descobrimos novos problemas no projeto, basta ter ideias, testar e atualizar o projeto constantemente para que ele nunca perca relevância.

Um exemplo bastante prático de como isso está em todas as partes de nossas vidas: Você precisa dar um presente para alguém. Então você procura saber o que a pessoa gosta (empatia), escolhe uma dessas coisas (definição), procura pelo presente ideal e então entrega o presente à pessoa (teste).

Nesse exemplo é possível pular a parte de protótipo, bem como em alguns projetos é possível pular alguma das partes do processo, mas lembrem: Nada deve ser feito de forma aleatório. Tendências nem sempre são a solução, se na hora de estudar o público você identificou que comic sans era a melhor fonte para ser usada, então use-a. Não existe certo ou errado. O que é bom para uns não é bom para outros, foque nas pessoas que você está trabalhando.

Outros conceitos úteis

Como citado no começo desse artigo, existem muitas formas de se pensar em um projeto e cada projeto exige uma maneira singular de ser trabalhado, portanto além do processo de design thinking podemos incluir alguns outros métodos de pesquisa, prototipagem e teste. Recomendo que procurem sobre o Golden Circle (Start With Why com Simon Sinek), utilização de “personas” (muito útil na fase de empatia) e o Kano Model, mas esses são assuntos para outros artigos.